sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ÁLBUM DE BEBÊ

ÁLBUM DE BEBÊ
            O álbum daquele bebê chamava atenção.  Capa cor de rosa, folhas de um papel grosso, separadas, uma a uma, por papéis de sêda para abrigar suas fotos. Em preto e branco. Abaixo de cada uma,delicados manuscritos de data e lugar. Em sua última folha, havia um recorte de jornal. Uma crônica. O título? “APRENDI LUCIANA”.  Década de 70.
   Imagino que uma trilha sonora fizesse parte da composição desse álbum.  Uma das canções estava “em voga” na época:  “LUCIANA”.
       Música, para quem “tem olhos para ouvir”, nos remete à qualquer lugar, quando especial e fragilmente nostálgico,  fazendo fotos de um passado distante criarem vida diante de nossos olhos. Quando olhamos com o coração.
O álbum daquele bebê ainda existe. Guardado no armário, cuidadosamente embrulhado. Nele está registrado o verdadeiro amor. Em cada página, pessoas, frases ou simplesmente fotos. Olhando-as é impossível achar que aquele bebê seria muito feliz. E foi. E é. Tamanho amor recebido.
A felicidade concretizou-se. O bebê cresceu para dar lugar à mãe. E foi exatamente igual. As fotos desse novo álbum, já coloridas, foram registradas igualmente, apresentando o início de uma nova história de vida. E seria muito feliz. E foi. E é. Porém,  não havia  crônica na última página. Estava na primeira. Uma homenagem à mãe e a filha, citando Olavo Bilac:  “...Só quem ama é capaz de ouvir estrelas...”.  Desse álbum, escolhi e vivi a trilha sonora, cantada em prosa  e verso por meu poeta favorito:

“...É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar,
Na verdade não há.

Sou uma gota d'água
Sou um grão de areia
Você me diz que seus pais não entendem
Mas você não entende seus pais.
Você culpa seus pais por tudo
E isso é absurdo
São crianças como você.
O que você vai ser
Quando você crescer...”

Palavras, o vento leva. Álbuns de bebê são eternos quando o amor está dento deles.
Nesses álbuns, a primeira crônica foi escrita em homenagem à filha. A segunda, para a neta.
Hoje um novo álbum de bebê está sendo registrado. Sua infância e história estão no começo. Ele completa 1 ano,
RICARDO, gostaria que teu bisavô escrevesse pra ti hoje. Assim como fez comigo e tua mãe. Mas tenho certeza de que mandou inspiração. O tempo passa, as pessoas passam, mas o amor verdadeiro fica para sempre. Principalmente no  "Album do Bebê”.  FELIZ ANIVERSÁRIO. LUZ DA MINHA VIDA.

Um beijo com todo o amor da tua vovô LULU, em 19 de novembro de 2010.

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Esse texto, recebi da querida prima Luciana, que conviveu comigo durante anos em Santo Ângelo, e hoje, além de ser uma mãe com M maiúsculo, é uma Avó doce, centrada, amorosa. Ricardo é seu primeiro neto. Aliás, uma criança linda, de olhos bem vivos como se falassem tudo de lindo que alguém mereça ouvir. Eu o vi somente uma vez, mas foi o suficiente para guardá-lo bem no centro do meu coração. Parabéns a você, FOFURA! E parabéns a toda família tb!!!
Tenho certeza qe tio Isac Feijó vê tudo e sente orgulho de cada um que aqui está. Saudades dele, sempre!!!




Que Assim Seja

Num mundo onde a gente recebe o outro mais virtualmente do que pessoalmente (tomara Deus que eu esteja errada) o que diria Caio F. em meio a tantas ferramentas de comunicação (blogs, Facebook, Orkut, Twitter, torpedos...)? Será que ele seria adepto? A resposta a gente nunca vai saber, mas por certo ele iria soltar um sonoro "que seja doce"...E que assim seja. Um pouco de Caio pra vcs...

"Não é que dá certo? Quase sempre, o dia é bom mesmo. Principalmente quando eu invento sem parar" 
 
"Pudesse abrir a cabeça, tirar tudo para fora, arrumar direitinho como quem arruma uma gaveta. Tomar um banho de chuveiro por dentro" 
 
"-Às vezes sinto falta de mim. -Eu também, menina. -Sente falta de si? -Não, de você. E dói. [Silêncio] -Me abraça? -Sempre"
 
"Um ser humano jamais atravessa incólume o círculo magnético de outro" 
 
"Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondido e, de repente, salta para fora de mim, querendo atingir todo mundo" 
 
"E como diria Hilda Hilst: LOVE, apesar, a pesar e há pesar" 
 
"Para prevenir surpresas, tenho deixado sempre abertas todas as janelas e todas as portas" 
 
 
Esse blog nasceu da pura e simples necessidade de colocar tudo pra fora. De não guardar muita coisa, para não haver nenhuma pane interna. O meu antigo (www.trocadeafeto.zip.net) deixou em mim uma saudade boa, mas consegui a façanha de perder/esquecer a senha de acesso, por isso a criação deste.
A primeira coisa que fiz foi pensar num nome. E vieram muitos q possuem um significado mega especial pra mim, mas todos já estavam disponíveis enqto blogs: Perto do Coração Selvagem (em homenagem a grande Clarice Lispector), Que Seja Doce (ao grande Caio F.), e por aí vai. E qdo eu estava quase desistindo, veio esse: Outono de 78. Não só porque adoro essa época do ano, mas também porque foi em 78 que dei as caras por aqui.
Esse é o primeiro de muitos textos que virão. Falando sobre delicadezas esquecidas, afetos, atritos, amores e dissabores. Pra falar de vida...
Bjos,Beta.