sexta-feira, 20 de maio de 2011

Temos que aquietar. Tudo é tão veloz e passageiro.Temos que reconquistar os dias de descanso, rede, sono e sonho. Acordar por
minutos, talvez horas. Acordar vendo a manhã virar dia. Temos que aquietar.
Sentir a falta, saber do despreparo, do impróprio. Entender os limites do
entendimento. Querer a despedida. Procurar a memória tranquila e pendurar as
fotografias. Temos que aquietar. Perceber os pequenos milagres cotidianos.
Dar importância. Receber o recado. Deixar vingar apenas a serenidade. Em
pratos quentes. E quando se aquieta assim, não digo pra aceitar a derrota ou
subir em cima do muro ou se tornar um arredio velho rabugento. Quando a
nossa alma aquieta, estamos muito mais fortes pra enfrentar os dissabores,
as dívidas mal-pagas, os atrasos da incoveniência. Libertos pra revolucionar
a vizinhança com ideias mirabolantes, livros novos e gargalhadas afiadas.
Alívio. E se alívio é prazer, já tá tudo certo. Além do prazer, precisamos
de que afinal?
Prazer, mano, prazer. Tão simples como diferenciar novamente o que é normal
e o que é absurdo. E o que é bom e ruim nisso. E o que queremos de verdade,
da normalidade e do absurdo. Na verdade. Só isso.
A todos, silêncio. Aquietar um pouco para, enfim, barulhar em fogos de
artifício. Barulhar o alívio, barulhar o prazer. Isso para sempre.

 
-Fernando Sato-


 

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