quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Evas e Noelis

“Queria reencontrar minha babá, que me cuidou do nascimento até os cinco anos. Um pouco de curiosidade, outro tanto de saudade e muito para retribuir o amor que recebi dela.É uma das figuras mais fortes de minha infância, uma segunda mãe; uma mãe menos apressada, adivinhadora dos pensamentos. Sua voz ainda ecoa lá no fundo da memória. Está presente em tudo o que lembro no período – e talvez em tudo o que não lembro mas continuo sentindo.”

A frase do grande Fabrício Carpinejar, reflete bem o que de certa forma muitas pessoas sentem. O que eu sinto. Nos anos 80, minha mãe contratou uma moça linda, alta, de cabelos castanhos e olhos sempre atentos. Fala mansa, gestos delicados. Era a nossa secretária, ou empregada doméstica. Chamava-se Noeli.

Não lembro ao certo quanto tempo Noeli trabalhou conosco. Mas sua passagem na casa da rua 15 de Novembro, marcou-me profundamente. E até hoje, quando penso em alguém com postura, com valores, com delicadeza, lembro dela. Pelo que sei, atualmente é professora em um dos melhores colégios de Santo Ângelo. Sei também que é mãe, e certamente é uma mãe dedicada, assim como foi comigo e com meu irmão.

Um dia, uma notícia me pegou de surpresa. Noeli quis se dedicar a outros projetos, e pediu para ser liberada do emprego. Nunca esqueci: chorei um dia inteiro. Depois dela, só a querida Eva conseguiu tirar um sorriso do meu rosto, quando trabalhou na minha casa, nos anos 90. Eva, aliás, é figura histórica na minha família. Trabalhou também nas casas das tias Lusa, Ruth e Vanda. Era de tudo um pouco: empregada, babá, confidente, irmã mais velha, amiga...Ambas fazem uma falta daquelas...

Os tempos mudaram. Pelo menos para mim. Não há Evas, nem Noelis colorindo meus dias, trazendo paz e segurança. Aqui a correria é companhia diária, prima-irmã do estresse. Aqui se vive de lembranças, de risos e histórias. Abraços também. Mas principalmente se vive de bons exemplos...Como os de Noeli e Eva. Figuras importantíssimas na minha trajetória!

Como diz aquela velha música do Kleiton e Kledir: “Se a vida arde, bate a saudade, dá uma vontade de te ver...".

Bjo.Abraço.
Roberta Nunes


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